Já é conhecido o Daniel Corteline Scherer metafísico, o jovem mestre que já nos brindou com duas pérolas da renovação tomista atual: A Raiz Antitomista da Modernidade Filosófica e A Metafísica da Revolução – Pressupostos do Liberalismo. Nesta terceira obra, situada na fronteira tensa entre o romance e a crônica o leitor é como que estirado junto com o protagonista entre dois polos: o relato soi-disant realista de uma viagem e a tentativa do protagonista de escrever um romance; entre uma, digamos, jocosa vitória do veraz sobre o verossímil e uma, digamos, vitória real mas limitada do verossímil sobre o veraz.
Tudo se passa no caminho de Santiago, que aliás o mesmo Daniel Scherer fez, donde deriva o lado realista da nossa obra. Mas é realismo impregnado, ele mesmo, de poesia das mais finas e, como se verá, de um espírito detetivesco herdado do melhor Chesterton, o do Padre Brown, com seu fino humor sempre de par com toda a seriedade do mistério. Alguém, por outro lado, poderia sentir-se tentado a dizer que Entre Capelas e Tabernas é certo Bildungsroman, certo romance de formação; mas isso seria falsear o fundo da obra, que em verdade é certo Bekehrungsroman, certo romance de conversão – ainda que de tipo muito particular.
O nosso Daniel Corteline Scherer prima no literário pela mesma clareza com que prima no metafísico. É que, com efeito, o obscuro absolutamente não se presta à verdade nem ao belo, senão que é próprio antes da falsidade e do feio. E o nosso novel literato, sem deixar de fazer literatura perfeitamente condizente com nosso tempo, sai contudo de sua aventura perfeitamente inconspurcado de quaisquer feiuras modernistas.
Carlos Sánchez –
Uma leitura cativante. Pude revisitar minha peregrinação no Caminho de Santiago de Compostela. Com a agudez do filósofo tomista e a sensibilidade um tanto chestertoniana, o autor nos obriga a ansiar sempre pelo próximo conto e até pelo próximo livro que, aliás, sai quando? 😊